Mulheres 18/01/2018

Assédio no trabalho dificulta ascensão de mulheres nas empresas

Fonte: Mundo Sindical

 

Ameaçar deixar uma reunião cheia de homens por causa de piadas machistas. Ouvir de um colega de trabalho “trouxe um paninho para você limpar meu computador”. Ter uma funcionária assassinada pelo marido. As executivas enfrentam casos de assédio em seu dia a dia, seja com elas ou com colegas. As estratégias adotadas por elas se dividem entre se esquivar, criar redes de proteção nas empresas e denunciar. O forte debate sobre o assunto — que ganhou os holofotes na premiação do Globo do Ouro, domingo passado, em Hollywood — está pressionando as companhias a implementarem canais de denúncia para combater os abusos e estimulando a adoção de políticas de equidade de gênero. Enquanto isso, as mulheres ganham voz.

— Sofri muito com isso (assédio). Nunca fiz uma denúncia oficial porque sentia que eu, a parte mais fraca, seria prejudicada — conta Maria Fernanda Teixeira, que fez carreira em multinacionais e hoje é CEO da Intergrow, consultoria para programas de governança corporativa, gestão de riscos e compliance.

MAIS QUE O DOBRO DE DENÚNCIAS

Uma versão corporativa da campanha #MeToo — que encorajou mulheres a dividirem experiências de abuso nas redes sociais — traria relatos como o de Maria Fernanda. Ou como o da economista Monica de Bolle, que ameaçou sair de uma reunião por causa das piadas machistas. Ou, ainda, a de Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza: “Tive uma gerente morta pelo marido.” Silvia Fázio, presidente da Woman in Leadership in Latin America, organização que trabalha pelo desenvolvimento de carreira de mulheres na região, afirma que todas as executivas têm uma história para contar, ainda que não seja a delas mesmas.

— Uma em cada três mulheres no mundo sofreu, está sofrendo ou vai sofrer assédio. Não adianta Catherine Deneuve dizer que é um exagero. Exagero são os anos de tolerância e subordinação das mulheres dentro e fora das empresas. A grande questão da Humanidade é resolver a diferença de gênero e da violência culturalmente admitida contra a mulher — diz Raquel Preto, sócia-fundadora do escritório Preto Advogados, em São Paulo.

O debate sobre desigualdade de gênero e assédio está fortalecendo as mulheres, a ponto de as denúncias terem aumentado nos últimos anos. Segundo o Ministério Público do Trabalho, foram 165 denúncias de assédio sexual em 2012, crescendo para 340 em 2017, mais que o dobro.

 

— Às vezes a vítima se cala. Relatar é tão ou mais constrangedor que o ato. Falta um setor para recebimento das denúncias e trato adequado nas empresas. Quando a denúncia chega até nós é porque a situação está chegando a um ponto inimaginável — afirma Valdirene de Assis, procuradora do Trabalho.

Ela lembra que é crime, passível de prisão de um a dois anos, se o assédio vier de um superior, com promessa de promoções em troca de vantagem sexual.

Houve mais de mil queixas de assédio sexual entre 2009 e agosto de 2017, em 110 empresas, segundo registros da consultoria Protiviti, que instala e administra canais de denúncias.

— As companhias precisam estar prontas para tratar essas denúncias e ter regras claras para combater abusos — alerta o sócio-diretor Fernando Fleider.

E a situação ainda é pior para as mulheres negras, De acordo com estudo da Mckinsey & Company, nos Estados Unidos, nas diretorias executivas, há apenas 3% de mulheres negras, enquanto que o total de mulheres é de 18%. Os homens brancos ocupam 67% das vagas no topo.

‘NÃO QUERO QUE SEJA FÁCIL, QUERO QUE SEJA JUSTO’

Sofri muito com isso (assédio). Já sofri assédio em multinacional e de chefes diretos. E há um problema de atitude nisso. Eu nunca parei o desenvolvimento da minha carreira, usando as dificuldades para avançar. Mas há mulheres que desistem.

Nunca fiz uma denúncia oficial porque sentia que a empresa não estava preparada para receber a denúncia e que eu, a parte mais fraca, seria prejudicada. Então, desviava e não aceitava o assédio. E fui me protegendo com uma rede de contatos de poder.

Eu vejo algumas mulheres que sofreram muito para chegar aonde estão hoje e, por incrível que pareça, pensam como a Catherine Deneuve. É algo como achar “Se eu passei por tudo isso, por que facilitar para outros?” Eu sou uma ativista pelo empoderamento das mulheres dentro das empresas há mais de 25 anos. Eu não quero que seja fácil para a mulher, quero que seja justo.

‘TROUXE PANINHO PARA VOCÊ LIMPAR MEU COMPUTADOR’

Lançamos em Goiás a campanha “Menos rótulo, mais respeito” para focar nessas práticas socialmente toleráveis, tidas como brincadeiras e elogios. Situações nas quais há chantagem sexual em troca de promoção já são muito rechaçadas pelo senso comum, mas essas outras práticas ainda são aceitas. Já soube de um caso em que uma procuradora ouviu de um colega de trabalho: “Trouxe um paninho para você limpar meu computador”. Em outra situação, um juiz declarou que a banca do concurso estava “de parabéns por ter aprovado uma advogada tão bonita”. Esta mesma moça ouviu de um colega que só tinha conseguido o cargo porque teve “prova oral” no fim do concurso.

São essas brincadeiras que todos acham normal, que a mulher deveria se sentir envaidecida. Queremos, com a campanha, fomentar o questionamento dessas práticas, dessas microagressões diárias.

TODA EXECUTIVA JÁ SOFREU ALGUM TIPO DE ASSÉDIO

Ao conversar com qualquer executiva, percebe-se que ela já sofreu algum tipo de assédio, por menor que seja. É difícil ver alguma profissional que não tenha passado por isso.

O assédio ataca a autoestima, fazendo a mulher perder a crença em si mesma. A baixa confiança leva a mulher a deixar uma posição de trabalho que tinha por não suportar práticas de assédio.

O ingresso das mulheres no mercado de trabalho melhorou muito, mas o telhado de vidro permanece. Chega um ponto na carreira em que ela não cresce mais. O problema não é qualificação. Elas saem de boas faculdades, o problema está na liderança. Elas não conseguem chegar nos conselhos e nas posições de liderança.

Numa pesquisa com 81 grandes empresas, havia apenas cinco mulheres como presidentes. Ou seja, elas cabem na capa de uma revista.

‘AMEACEI SAIR DE REUNIÃO POR PIADAS MACHISTAS’

Recentemente fui participar de um painel importante, com outros economistas, e vi que todos os homens eram tratados como doctor (doutor), mas junto a meu nome constava miss (senhorita). Imediatamente falei com a organização que não participaria assim, pois também tinha doutorado, e corrigiram isso. Já trabalhei no ambiente corporativo e, muitas vezes, era a única mulher em uma reunião com 30 homens, por exemplo. Algumas vezes tive de ameaçar sair da reunião se não parassem as piadas machistas. Essa realidade, infelizmente, afeta a todos, aqui nos Estados Unidos e no Brasil.

O que se constata, em várias análises e estudos, é que a mulher na academia, aqui nos EUA e, imagino, no resto do mundo, tem uma posição e um status muito inferior ao dos homens, mesmo que elas tenham uma formação e uma qualidade como pesquisadoras e acadêmicas exatamente igual às deles.

‘NESSE RITMO, IGUALDADE SÓ EM CEM ANOS’

Há uns quatro meses, temos um comitê só para denúncias de violência contra a mulher e assédio. Tomei essa decisão depois de ter perdido uma gerente que foi morta pelo companheiro. Fiquei muito mal. Imediatamente fiz um vídeo e criei o canal da mulher. Não é fácil mexer com isso. Temos que furar essa nuvem, fazer todo mundo falar que isso existe. Já temos 60 casos contra companheiros.

Assédio sexual é inegociável na empresa. Já mandamos gente embora. O WhatsApp tem sido o nosso maior delator.

Criamos o grupo Mulheres do Brasil. Já conseguimos aprovar no Senado cotas nos conselhos das empresas. Hoje, as mulheres são 7% das cadeiras. Excluindo donas e herdeiras, são 3%. Tenho dois conhecidos, um homem e uma mulher com as mesmas qualificações. O homem recebeu 15 convites para conselhos, e a mulher, um. Nesse ritmo, só vamos alcançar a igualdade em cem anos.

‘TEMOS QUE ATUAR PARA QUE A MULHER SEJA OUVIDA’

Nunca sofri assédio, tive sorte na minha carreira. Os homens à minha volta me tratavam como profissional. Mas vi muitas mulheres sofrendo assédio, claro, e sempre me posicionei com um tom duro. Nas reuniões, vi que só quem falava mais alto conseguia ser ouvido. As mulheres não conseguiam ser ouvidas.

Presenciei também mulheres que deixaram de ser promovidas porque os líderes inferiam que elas não poderiam viajar, por causa da família.

Aqui na empresa, incluímos os homens nos programas e discussões. Isso porque existe uma questão cultural: até mulheres veem o homem como um tomador de decisões. É preciso mudar a mentalidade deles também.

Temos que criar um ambiente em que a mulher possa ser ouvida, em que possa usar a roupa que quiser, sabendo que não estará aberta ao assédio por causa disso.

EMPRESAS ENDURECEM CONTROLES E CRIAM CANAIS

O número de corporações interessadas em adotar regras de conduta, ética e canais de denúncia está crescendo, de acordo com a Protiviti. O grupo de companhias atendidas pela consultoria saltou de 250 em agosto último para 270 este ano.

— As denúncias também estão crescendo, mas não quer dizer que houve mais casos, as pessoas é que estão falando mais. Em 2016, foram 315 relatos em 56 empresas, contra 174 em 2015 em 43 companhias. Ano passado, até agosto, foram 218. Em todo 2017, deve superar 2016, principalmente pela força que as campanhas antiassédio ganharam na mídia — diz Fernando Fleider, sócio-diretor da Protiviti.

Os especialistas destacam a importância da criação de um comitê para cuidar das denúncias, preferencialmente ligado ao conselho de administração. Além disso, a pessoa que ocupa o cargo de CEO da empresa não deve ser a única responsável pela tomada de decisão em investigações relacionadas a abuso porque existe o risco de haver envolvimento no caso.

A L’Oréal tem um capítulo no Código de Ética só sobre assédio.

— A denúncia pode ser feita por um canal que funciona 24 horas e que permite anonimato. Há ainda uma instância internacional a qual recorrer — explica Rosemari Capra-Sales, diretora de Ética da L’Oréal.

Chieko Aoki, presidente da rede Blue Tree Hotels, mira na prevenção:

— Se um homem faz um pedido à recepção à noite, enviamos outro homem para atender. Orientamos as camareiras a não entrar no quarto com os hóspedes.

José Carlos Wahle, sócio da área Trabalhista do Veirano Advogados, afirma que viu empresas recomendando aos empregados que não entrem no elevador se houver só uma pessoa dentro dele. O melhor é ir sozinho ou com três ou mais pessoas:

— Com duas, é a palavra de uma contra a da outra.

No mercado, já há relatos de empresas que não recomendam que seus funcionários participem de jantares ou encontros em locais como bares. Para Maria Fernanda, da Intergrow, é importante que a relação de trabalho fique clara:

— O networking faz parte do processo. Se a executiva vai fazer contato com alguém que não é da empresa num almoço, por exemplo, cada um deve arcar com a sua própria despesa, ficando claro que ninguém está sendo comprado.

Silvia Fázio, diretora-presidente da Women in Leadership in Latin America, afirma que outra prática que tem ajudado são as entrevistas de saída, nas quais a mulher se sente mais à vontade para relatar casos de assédio.

– Esse é momento mais propício que revela uma situação como essa.

Outra política que vem sendo adotada são os canais de denúncias, garantindo o sigilo e que não existam represálias. Segundo Silvia, são políticas mais agressivas, com punições. Ter o canal, sem efeitos claros, tem consequências piores do que não ter políticas.

– Alguns estudos mostram que, se forem mal implementadas, acabam tendo um efeito negativo. Fragiliza ainda mais a autoconfiança da mulher e o assediador continua agindo.

Segundo Ricardo Basaglia, diretor executivo da Michael Page, as empresas também vêm exigindo mais diversidade nas seleções. Fazem questão de ter no processo seletivo mulheres, deficientes, negros, de baixa renda:

– Isso vem acontecendo nos últimos 18 meses. Tem uma pressão da sociedade e uma disputa acirrada por talentos, que podem abrir mão da empresa se não estiver de acordo com a cultura da companhia.

NOS EUA, FIM DOS ALMOÇOS A DOIS

Nos Estados Unidos, escândalos anteriores foram mudando a cultura empresarial americana. Quase toda empresa faz treinamento, tem códigos de conduta e reformou escritórios para ter ambientes abertos ou então com divisórias de vidros, para evitar locais propícios a assédios. Agora, com a nova leva de denúncias, este tipo de preocupação está chegando a empresas menores ou sendo revistas.

Desde a força do movimento #Metoo, que começou divulgando assédios sofridos por atrizes famosas de Hollywood e se espalhou por todo o país, afetando políticos, esportistas, celebridades e autoridades, especialistas afirmam que o movimento feminista contra o assédio ganhou um novo patamar. Agora, nos EUA, os responsáveis têm sido punidos. Três congressistas renunciaram e um senador, favorito nas pesquisas, perdeu as eleições depois que denúncias contra ele se tornaram públicas. Este debate está tão forte que pode impulsionar a candidatura de Oprah Winfrey à presidência, em 2020.

O Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, revisou em julho de 2017 sua política antiassédio. Marcado pelo escândalo sexual de 2011 que causou a renúncia — e a prisão — do francês Dominique Strauss-Kahn, o Fundo se tornou uma referência no tema. Todos os funcionários, incluindo os cargos mais elevados, passam por programas de treinamento obrigatórios.

— O combate ao assédio, incluindo o assédio sexual, é incluído em programas de treinamento obrigatórios para todos os funcionários do Fundo, incluindo nossos gerentes mais altos. Esses programas de treinamento abordam temas como: definições de assédio e assédio sexual; o que fazer quando confrontado com assédio; e uma explicação dos recursos disponíveis para resolver incidentes de assédio, incluindo mecanismos informais e formais — informou um porta-voz do FMI.

Grandes corporações americanas reforçaram, em cartas aos funcionários, seus valores e a necessidade de seguir os treinamentos anti assédio. Diversas universidade americanas estão criando novos protocolos para seus funcionários. E começam a surgir casos de exageros, onde o temor de ser envolvido em um rumorosa denúncia de assédio leva a medidas extremas, que podem acabar restringindo a atuação das profissionais;

— Cada vez mais mulheres se queixam que, depois da última leva de assédios, não estão conseguindo marcar almoços de networking (relacionamento profissional). Outros estão se recusando a marcar reuniões a sós com mulheres. O medo de denúncia pode estar sendo exagerado por alguns homem, e acaba prejudicando as mulheres, que podem vender menos ou crescer menos na carreira por causa destas restrições desmedidas — disse uma recrutadora de um empresa americana de RH que pediu para não ser identificada.

Há um ano morando em Miami, na Flórida, a paulista Fabiana Carvalho, sócia da empresa de coach e desenvolvimento humano Xpanding Mind, foi chamada por um grupo de imobiliárias de Orlando para fazer treinamento a cerca de 300 pessoas — a maior parte mulheres latinas — que servem em apartamentos para turistas.

— Depois que este assunto ganhou força me chamaram para o treinamento. Isso é muito importante, pois estes funcionários e colaboradores têm contato de pessoas de todo o mundo, de diversas culturas. E elas ainda precisam enfrentar o estigma de muitos, que, infelizmente, acreditam que todas as latinas são prostitutas — disse ela.

Antes de se mudar para os Estados Unidos, ela fez treinamentos semelhantes no Brasil. Atuando muito com vendedoras, representantes comerciais e pessoas que ficam em estandes de promoção de produtos, ela afirma que muitas mulheres eram confundidas com prostitutas.

— Executivos pensavam que estas mulheres, muitas bonitas e de uniformes, faziam também “book rosa” — disse ela, se referindo à prática de prostituição de luxo que algumas mulheres atuam.

No Brasil, segundo ela, a maior ameaça é do assédio de superiores hierárquicos, enquanto nos EUA o risco é de clientes externos.

REFORMA TRABALHISTA LIMITOU O VALOR DA INDENIZAÇÃO

A reforma trabalhista, ao fixar limites para as indenizações de dano moral, acabou limitando também as reparações em caso de assédio moral e sexual. Anteriormente, não havia valor estipulado. De acordo com o coordenador da área Trabalhista do Martinelli Advogados Cláudio de Castro, o dano é nivelado por graus: leve, médio, grave ou gravíssimo. O juiz determina o grau, e as indenizações, conforme a gravidade, vão sendo estabelecidas por múltiplos do teto do INSS (R$ 5.645,80):

– Mas não acredito que isso vai levar as empresas a descuidarem de suas políticas internas, mas vai reduzir o número de ações, que é muito alto no Brasil.

O processo judicial também ficou mais difícil para a trabalhadora. Se não conseguir comprovar o dano, terá que arcar com os honorários dos advogados da empresa onde trabalhou.

Segundo a procuradora do Trabalho, Valdirene de Assis, quando o Ministério Público do Trabalho entra com ações civis públicas na Justiça por assédio sempre pede indenização por dano moral coletivo, tipo de indenização que não foi limitada pela reforma trabalhista.

_ Quando a empresa aceita esse tipo de prática e não há um ambiente saudável de trabalho, isso extrapola para fora da empresa. A sociedade fica credora dessa situação e deve ser indenizada.

Mas há avanços. Em março do ano passado, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou o projeto de lei que define um percentual mínimo de participação de mulheres no conselho de administração de empresas do governo ou de capital misto, quando o controle é estatal. Precisa agora do aval da Câmara dos Deputados e, por fim, da sanção presidencial. A proposta prevê chegar a 30% de mulheres no conselho até 2022, avançando a uma fatia de 10% do total a cada dois anos.

Por trás do projeto está a organização Mulheres do Brasil, criada em 2013, e que reúne lideranças femininas — Luiza Trajano, do Magazine Luiza, Chieko Aoki, da Blue Tree Hotels, Maria Fernanda Teixeira, da Intergrow, e a advogada Raquel Pretos estão entre elas — para formular ações nas áreas de educação, empreendedorismo, cota para mulheres e projetos sociais.

— O problema da equidade de gênero nas esferas de comando das empresas continua. Mas por que as mulheres não sobem? Porque a escolha é feita por homens e dentro de uma rede composta por homens. Se não houver normas e regras para seleção de pessoas para altos cargos isso não vai mudar — afirma Maria Fernanda.

A Protiviti destaca que a Lei Anticorrupção, que obriga as empresas implementarem um canal de denúncias, consequência dos escândalos relevados pela Operação Lava-Jato, também deu voz para relatos para além dos relacionados à corrupção.

É o avanço no combate ao assédio e pela igualdade de direitos, defende Raquel, que também desencadeia ações como a divulgação da carta por um grupo de cem mulheres francesas — incluindo a atriz Catherine Deneuve — na semana passada, defendendo a liberdade dos homens de “importunar”, acusando o movimento das americanas de excessivamente puritano.

— A reação a esse avanço vir também de mulheres é normal. Existem muitas mulheres machistas. Toda vez que temos grandes momentos de pressão e avanço transformador, vem uma reação para conter essa evolução. Virão muitas Catherines. E temos de seguir em frente.

 

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